Há um tempo,
sonhei com um par de sapatos vermelhos. Ele era realmente lindo. Depois do
sonho, fiquei com a vontade do belo par vermelho de sapatos. Foi,
aproximadamente, seis meses de vitrines e nada de materialização. Com a
universidade o caminho foi parecido, mas menos definido.
Sonhei com uma
universidade pública, depois sonhei com jornalismo (ou sonharam por mim). Após
duas tentativas e meia-dúzia de experiências, desisti. Do jornalismo, não dos
sapatos. Então, busquei outro horizonte. Decidi por Letras. Escolha simples e
precisa: não gosto de números, gosto de letras, tem na minha cidade. Nessa
época, não me lembro de pensar em licenciatura. Passei. Cursei. Antes do
“formei”, começaram as experiências como professora. A primeira foi ótima,
então decidi lecionar.
Na segunda,
desisti. Na terceira, piorou. Deparei-me com duas realidades: a particular e a
pública. Na verdade, eu alimentava uma esperança, depois da segunda
experiência, que a escola particular seria a minha salvação, eu poderia
trabalhar tranquila ou menos apavorada. Isso porque sempre estudei em escola pública
e sempre fantasiei o fato de que escolas particulares seriam o cume da
inteligência e tudo lá seria perfeito. Descobri na prática que não.
A quarta
experiência foi boa, uma escola praticamente na zona rural, durante o estágio
obrigatório da faculdade, trouxe a experiência de que, o que podemos chamar de
turmas boas, são formadas em casa e não em escolas. Penso assim porque, com o
dobro de alunos, eu não tinha um terço das dificuldades, principalmente aquelas
relacionadas à indisciplina, que eu me deparava na escola particular.
Educação, aquela
que trazemos de casa, não se compra em vitrines, como sapatos, não é pagável,
como a mensalidade da escola. Educação se constrói com amor e dedicação dos
pais, principalmente. O professor, em sala de aula, depara-se com alunos
desinteressados e, principalmente, com alunos mal educados. Alunos que não
respeitam, nem a si próprios, nem aos amigos, muito menos aos professores,
vistos como os vilões das férias.
Tenho a sensação
de que os alunos acreditam que estão fazendo um favor aos professores quando
assistem às aulas. Ser professora é bom, gratificante. Ter alunos, nem sempre.
É claro que há exceções, tanto lá, quanto cá. Mas voltemos aos sapatos.
Meio ano e muitas vitrines depois, vi-os! Lá
estavam, vermelhos como no sonho. Não era um modelo tão diferente assim,
qualquer um poderia sonhá-lo como eu e executá-lo. Pestanejei um pouco a
comprá-los, afinal não eram baratos (sonhos sempre são caros, ao coração e aos
bolsos). Mas, levei meu sonho em três parcelas. O outro sonho, o da
universidade pública também veio, no entanto em mais parcelas. Agora sonho com
alunos lindos, assim como os meus sapatos.
Imagem daqui: http://www.gosto-disto.com/2013/05/como-usar-sapato-vermelho-1-sapato.html
Eu li e vosgei deste texto, ficou muito bom
ResponderExcluirObrigada, Gi! :)
ResponderExcluirMuito bom. Ser professor não é fácil. Não é uma profissão é um desafio.
ResponderExcluirCom certeza, Anilton! Um grande desafio!
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