Este texto tem a intenção de falar da dificuldade de
um ser analógico em meio a um mundo freneticamente digital. Vamos ver se ele
consegue.
Descobri estes termos, analógico e digital, quando
descobri o ateliê ...com Lola. Uma proposta muito bacana que vai muito além de
vender bonecos. A proposta é de uma vida
mais analógica, mais calma, disposta a viver e não a correr com a vida. Seja
analógico!
Sou lerda. Mas não de nascença. Quando foi para nascer
tive pressa, queria dar a cara (ou o bumbum) à tapa logo. Mas o médico não
deixou e me segurou lá, só nasci mesmo 12 horas antes do previsto. Gosto até de
defender que é por isso que não chego na hora a lugar algum, em hipótese
alguma, afinal quando eu quis, não me deixaram e seguraram lá. Então, serve de
argumento.
Amigos de longa data já não chegam mais no horário,
porque sabem que eu vou atrasar. Não é por mal, esforços não faltam. E não vem
com essa de acordar mais cedo, porque não funciona também, já tentei.
Essa lentidão vem junto com a dificuldade de
acompanhar o mundo e a rapidez com que ele gira – e com o gosto de tirar foto
de plantas. Estou descobrindo que tem uma novidade quando nasce uma nova e a
notícia é “IPhone 4 já está ultrapassado”. Mas já? Para que tanta agilidade?
(Sabia que os celulares são feitos hoje em dia para durar míseros seis meses?).
Ser analógico em um mundo digital é parar para
apreciar o passarinho, observar as nuvens no céu enquanto toma um sorvete,
ainda tem 10 minutos para voltar para o almoço, não precisa começar a trabalhar
agora.
Ser analógico em um mundo digital é sofrer porque se
tem tantas ideias e vontades que o tempo não permite realizar, ao menos uma, já
que 10 horas no trabalho consomem muito mais do que tempo, some com as
energias.
Ser analógico em um mundo digital é penar para
trabalhar as mesmas 10 horas e ainda cursar uma graduação no período noturno
(ainda descubro quem inventou que trabalhar e estudar ao mesmo tempo dá
certo!). É sofrível, não sobra nem o domingo à noite.
Ser analógico em um mundo
digital é
Deitar
na grama. Olhar o céu.
Apreciar
um bom café.
Bolo
quente, abraço apertado. Um pouco de silêncio.*
Ser analógico em um mundo digital é acompanhar com o
olhar os passos agitados, rápidos e frenéticos de alguém que procura algo que
não se sabe bem o que é. Há tanta preocupação em produzir que nos esquecemos de
sentir.
Ser analógico em um mundo digital é encontrar a
felicidade em um pote de bolachas, em uma noite de amor, em um passeio de
bicicleta... É oferecer felicidade em um bilhete na geladeira, em uma tigela de
brigadeiro, em um abraço apertado e inesperado...
Desejo a você – nós – dias mais analógicos com abraços
apertados e inesperados, sorrisos sinceros, alegrias profundas, amores
analógicos, amizades de verdade, decepções de brincadeirinha, tristezas
passageiras, satisfações satisfeitas, borboletas no estômago e nas plantinhas,
pessoas simpáticas e educadas, flores no caminho, calmaria
e silêncio, paz, caridade... já falei abraço apertado?
* Trecho da descrição de SlowDesign do ateliê ... com Lola, dá pra conferir tudo aqui!
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